sábado, 27 de janeiro de 2007

Pinochet e Saddam

Foto retirada da Edião online da Revista Piauí



Estava navegando pelos sites de notícias, como sempre faço, quando esbarro numa notícia do Estadão sobre um protesto contra a Guerra no Iraque -
anacrônico. Todos os especialistas em geopolítica já se esgoelaram de tanto falar dos interesses dos EUA na região e da importância do lugar no mundo. Anos passaram. Quase quatro, na verdade (início 20/03/2003), e esse horror não termina.
O mundo já cansou de criticar, só o Bush nao cansa de guerrear. Deu rima e tudo. Deve ser porque não é ele que está lá ouvindo o barulho dos tiros, vendo sangue e lágrimas e sentindo o cheiro fétido dessa ganância. Insiste na sua campanha contra tudo e todos. Não foram suficientes os filmes e livros de Michael Moore, edições e mais edições de jornais do mundo todo, blogs, atores, sociedade civil, enfim, nada disso fez freiar a célere obstinção de George por esse país do Oriente Médio.
A loucura foi tanta que chegaram a enforcar Saddam. Um ditador sanguinario? Pode ter sido, mas um ser humando ainda. Será que voltamos à Idade Média, enforcando pessoas dessa forma? Por que será que ninguém enforcou o Pinochet? Ele foi um dos mais cruéis ditadores da América Latina (http://www.revistapiaui.com.br/2007/jan/despedida.htm) e quando foi enterrado, seus filhos ficaram indignados porque lhe negaram as honras de estadista.
E o pior disso tudo é que o mundo assite a esse espetáculo fúnebre, de braços cruzados. Um protesto aqui, outro discursinho ali, mas nenhuma retaliação efetiva. Nenhuma manifestação de força.
Uma vez li num jornal (não lembro qual era, faz tempo) que uma família tradicional do Rio de Janeiro não iria mais ao Mc Donalds, nem beberia Coca-Cola enquanto durasse a Guerra no Iraque. Hoje, depois de quase quatro anos, eles devem estar em boa forma física, pelo menos.
Imagine se as pessoas seguissem esse exemplo? Milhões de pessoas deixando de beber Coca-Cola, uma pressão extraordinária. Então, os representantes da Coca iriam até o ouvidinho de Bush e berrariam: "Pára com essa porra!" - em inglês, claro. Se fosse mais de uma empresa, então: dezenas de milionários enfurecidos. E, nossa, como eles podem ser humanos quando querem.
Talvez seja essa a solução. Pois num mundo em que o conceito de cidadão esvazia-se para dar lugar ao de consumidor, só temos espaço enquanto compramos. Então, por que não escolher nossa alimentação, roupa, móveis, tendo como parâmetro também questões políticas e humanitárias?